quinta-feira, 24 de setembro de 2020

 24/09/2020

O passado pertence ao passado

Há um tempo voltei a fazer terapia semanal, o que me enriquece muito como ser humano. E esses dias uma reflexão me tocou profundamente. Por vezes me questiono o motivo pelo qual não consegui engravidar de novo. E uma das explicações que sempre me vinha à tona é que estou "pagando" por atitudes erradas do passado. Na minha cabeça, ainda preciso evoluir mais, aprender mais, para ser capaz e merecedora da graça da maternidade, uma vez que meus exames e do meu marido estão todos normais... No entanto, há tantos casos de mulheres teoricamente despreparadas para serem mães e que abandonam seus filhos por aí... Quantos relatos já me chegaram de mulheres drogaditas que engravidam e largam os bebês nos hospitais logo após o parto...

Ouvi já inúmeras vezes que o Nosso Deus não é um Deus de punição. Ele não nos condena por erros dos quais nos arrependemos verdadeiramente. Não há uma "dívida eterna". O olhar de Deus é misericordioso, de amor... Então por que eu me cobro tanto se já fui perdoada no exato momento em que reconheci que agi errado e me arrependi de todo o meu coração? Melhor ainda, não voltei a repetir esse "pecado". Aprendi a lição. 

Minha terapeuta me mostrou que trato as pessoas ao meu redor com bondade e não tenho essa mesma doçura comigo mesma. Temos que ser menos duros em nosso auto-julgamento. Não somos perfeitos. Aliás, ninguém o é, somente Deus. E nem mesmo Jesus Cristo agradou a todos... 

É preciso deixar o passado descansar lá nas gavetas do que já se passou. É necessário e salutar fazer essa travessia. Não se pode reescrever o que já vivemos. Minha maturidade de hoje veio exatamente das experiências vividas páginas atrás e da reflexão do que eu poderia melhorar em mim. Não há caridade em me cobrar por ter agido assado e não assim... Não posso voltar para apagar o que poderia ter sido diferente. Como diz a música do Biquini Cavadão, "como é difícil viver carregando um cemitério na cabeça"...

Que aprendamos a nos amar com nossas imperfeições, com nossas cicatrizes, sem nos punir uma vida inteira por ter agido errado. "Olha que já estás curado; não peques mais." Está escrito no livro sagrado. Então quem sou eu para não me perdoar?

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